Neste texto serão retratados diversos aspectos da maritaca, Psittacara leucophthalmus, também conhecida como periquitão maracanã.
As maritacas pertencem a grande família dos Psittacídeos que reúne papagaios, araras, jandaias, tiribas, etc. Todos muito coloridos, barulhentos e parecidos!
Curiosamente dentro da família dos Psittacídeos existem 20 espécies de papagaios, 19 de periquitos, 19 de jandaias e 18 de maritacas.
Trata-se da família de aves com maior número de espécies ameaçadas! Não é o caso das maritacas, Psittacara leucophthalmus, que convivem bem com a urbanização e muitas vezes habitam chácaras e telhados das casas.
Principais características
As maritacas estão distribuídas em toda a América do Sul, com exceção do Chile. São endêmicas (naturais) da Mata Atlântica, Floresta Amazônica e Cerrado, sendo encontradas em campos, banhados, florestas, áreas agrícolas e cidades.
Sua alimentação é generalista. Consomem frutos, sementes, brotos e pequenos invertebrados.
Ao entardecer, após as 16h00, as maritacas sobrevoam ao redor do local onde pernoitam, fazendo muito barulho até pouco antes de escurecer, momento em que entram nos abrigos. Ao amanhecer realizam um ritual parecido e ruidoso, mas breve.
Os Psittacídeos não têm hábitos noturnos, pois não enxergam bem a noite.
O período de reprodução vai de novembro a março, época de maior abundância de alimentos. São monogâmicas, machos e fêmeas são identificados laboratorialmente (não possuem dimorfismo sexual), vivem em média 30 anos e podem medir até 32 cm.
Maritacas procuram abrigos para se aninhar, como ocos de árvores, buracos em barrancos, erosões e rochedos.
Frequentemente habitam sótãos e forros de telhados para chocar ovos.
Não fazem ninhos, chocam seus ovos em superfícies lisas dentro do abrigo. Chocam entre 2 e 3 ovos por vez.
Problemas causados e manejo
Podem causar expressivos danos econômicos em lavouras de grãos, de frutas e de hortaliças, sendo tratadas muitas vezes como espécie-problema. A redução da cobertura vegetal nativa deprimiu a diversidade de alimentação oriunda dessa vegetação, levando as maritacas a procurar outros alimentos, entre eles plantações cultivadas.
Nesse caso, o manejo é difícil e de discutível eficácia. Muitos agricultores utilizam espantalhos, repelentes sonoros como rojões, refletores, entre outros.
Outro problema é quando habitam sótãos e forros de telhados, pois as maritacas danificam a rede elétrica, desencapando os fios e despedaçando os eletrodutos (conduítes). Os fios desencapados causam curtos-circuitos desligando disjuntores.
Para evitar esse contratempo deve-se identificar os locais habitados por maritacas, uma vez que podem ser facilmente encontrados dado comportamento ruidoso nos finais de tarde.
Diante disso, a solução definitiva é o fechamento das entradas, tomando-se o cuidado para realizar esse serviço fora da época de postura de ovos.
Outro cuidado que se deve ter ao entrar em sótãos ou forros de telhados habitados por aves é a inalação do fungo Cryptococcus neoformans que se desenvolve em excrementos de aves, entre elas a maritaca.
É grave em pacientes com baixo sistema imunológico, podendo causar lesões no pulmão e cérebro, cuja progressão pode ser fatal. O fungo pode causar pneumonia, podendo migrar para qualquer órgão do sistema nervoso central e causar meningite ou encefalite. Além disso pode se manifestar por meio de lesões cutâneas.
Mais informações
Base de dados mundial sobre aves, mantido por Bird Studies Canada.
Dissertação de Mestrado: Psittacara Leucophthalmus (Aves: Psittacidae) e seus Impactos Sobre a Agricultura na Mesorregião Campo das Vertentes, Minas Gerais: Ecologia e Etnobiologia como Subsídios ao Manejo.
Dissertação de Mestrado: Avaliação Radiográfica, Macroscópica e Determinação da Matéria Mineral de Carcaças de Psittacara Leucophthalmus.
Artigo: Ocorrência de Cryptococcus neoformans em fezes de pombos na cidade de Caratinga, MG – Brasil.